Fraturas Osteoporóticas na Coluna

Fraturas Osteoporóticas na Coluna

Muita gente tem dúvida do significado da osteoporose, porque isso ocorre, como podemos prevenir e quais os riscos. A osteoporose é uma doença metabólica sistêmica progressiva que leva à diminuição da massa óssea, ou seja, o osso fica mais fraco, com menor quantidade das estruturas que servem de sustentação, com isso o risco de fraturas por pequenos traumas aumenta.

Por exemplo, uma pessoa com osteoporose pode estar dirigindo um carro, passar por uma lombada um pouco mais rápido e, devido ao impacto, apresentar uma fratura de uma vértebra da coluna! Ou arrastando um móvel mais pesado em casa e ter uma fratura vertebral! Impressionante, mas isso pode ocorrer e devemos estar atentos às medidas de prevenção, riscos e tratamento da osteoporose.

O nosso sistema esquelético é constituído por ossos, que aparentemente são estruturas que não mudam muito ao longo do tempo, mas se engana quem pensa assim. Desde que nascemos os nossos ossos estão em profunda transformação, crescendo, aumentando sua densidade e muitas vezes ganhando formas diferentes de acordo com fatores de crescimento, hormônios, quantidade de sol, alimentos, atividade física, metabolismo, cargas e fraturas, dentre outros fatores.

Por exemplo, até por volta dos 30 anos de idade as pessoas aumentam sua massa óssea, chagando a um pico nesse período. E esse aumento de densidade torna os ossos mais resistentes. Em geral os homens têm massa óssea maior do que nas mulheres, e a densidade óssea final depende dos níveis hormonais, alimentação, atividade física, quantidade de sol. Portanto a prevenção se inicia já na juventude, com uma vida saudável! Garantindo um pico de massa óssea maior e ossos mais resistentes.

No entanto após os 30 anos a taxa de perda de massa óssea fica em torno de 0,3% ao ano, sendo que na mulher a perda óssea é maior nos 10 primeiros anos pós-menopausa, podendo chegar a 3% ao ano, e é maior nos indivíduos mais sedentários. Portanto as mulheres após menopausa estão em risco de fraturas osteoporóticas por traumas leves e devem se prevenir.

Além disso, alguns fatores externos aumentam esse processo de perda óssea, como por exemplo o uso crônico de medicações como corticoides e anticonvulsivantes que aceleram a osteoporose. Os fumantes, os etilistas crônicos também têm risco de desenvolver osteoporose mais rápido.

Mas quais são as medidas preventivas para combater a osteoporose? Vamos listar as principais:

Expor o corpo ao sol – Talvez a medida mais efetiva na produção de vitamina D e um importante fator para a absorção óssea do cálcio. Para se ter uma idéia, 30 minutos de exposição produzem em média 10.000 UI de vitamina D, um valor considerável quando comparado por exemplo à ingestão de uma porção de salmão fresco que tem 1000 UI ou uma gema de ovo que possui 20 UI apenas.

Alguns detalhes têm que ser observados. Aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo tem nível de vitamina D considera insuficiente. Como 80 a 90% da vitamina D é ativada pela exposição solar, devemos entender a importância do sol. Apesar das orientações para evitar o sol das 10h às 16h devido risco de queimaduras e câncer de pele é justamente nesse horário que a radiação do tipo UVB é mais intensa e que permite a maior síntese de vitamina D, portanto precisamos observar a reação da nossa pele à exposição solar. A cor da pele também influencia, pois as pessoas de pele mais escura tem que se expor ao sol 3 a 5 vezes mais do que as pessoas de pele clara. No geral, levando em conta a etnia, o tempo indicado de exposição solar varia de 10 a 30 min por dia.

O uso de protetor solar é outra questão, pois, por exemplo, protetores de FPS 30 reduzem em 95% a síntese da vitamina D na pele protegida, isso leva a recomendação que pelo menos os braços e as pernas fiquem expostos sem protetor solar.

Portanto uma boa dica é se expor ao sol em média 30 min, usando protetor solar apenas no rosto, utilizar um chapéu, camiseta de manga curta e shorts para deixar os braços e pernas expostos (sem protetor solar).

Alimentos ricos em vitamina D e Cálcio – Os alimentos vão fornecer de 20 a 30% da vitamina D necessária, podendo ser obtidos ao consumir alguns tipos de peixes (salmão, sardinha e atum), óleo de fígado de bacalhau, bife de fígado, cogumelos (opção vegana), produtos lácteos, cereais fortificados e gema de ovo, por exemplo. E quando o indivíduo não se expõe ao sol e não consegue ingerir a quantidade necessária de alimentos ricos em vitamina D, podemos utilizar os suplementos medicamentosos de vitamina D.

Atividades Físicas – Os exercícios físicos ajudam no aumento da massa óssea devido trabalho de carga mecânica no osso que aumenta a atividade dos osteoblastos e assim aumenta a densidade óssea. Portanto 30 min de exercícios 3 vezes por semana seria adequado, levando-se em conta que os pacientes com osteoporose devem evitar carga e exercícios de impacto, preferindo as atividades dentro da água e caminhadas em terrenos planos.

Dor nas costas – Como a coluna vertebral é o local mais comum de fraturas osteoporóticas é sempre importante procurar avaliação médica especializada com ortopedista cirurgião de coluna antes de qualquer tratamento, principalmente em pessoas na faixa de risco de osteoporose. Após a avaliação, o especialista em coluna vai determinar quais os exames complementares necessários e medidas de cuidados.

Densitometria Óssea – É um exame para o diagnóstico de osteoporose, ele utiliza uma técnica de dois feixes de raio gama e consegue medir a densidade óssea através da quantidade refletida dos raios no quadril, coluna e punho. Esses valores de densidade são comparados com os valores de densidade óssea da população jovem e determinado qual o desvio padrão dos valores de densidade óssea. Assim é possível determinar se uma pessoa tem osteoporose, osteopenia ou densidade normal.

Muita gente fica na dúvida quanto ao tratamento da osteopenia. A diferença prática é que pode-se tentar repor somente o cálcio e vitamina D antes de iniciar as medicações que agem no bloqueio da reabsorção óssea, além de não ter restrições para atividades físicas. Na osteoporose, o tratamento inicial já utiliza os bloqueadores de reabsorção óssea e as atividades físicas ficam limitadas devido risco aumentado de fratura.

É bom lembrar também que a osteoporose não causa dor, o que causa dor são as fraturas osteoporóticas. Muitas pessoas confundem a osteoartrose (ou artrose) com a osteoporose, que são coisas distintas. A osteoporose é uma diminuição da densidade óssea, enquanto a artrose é um processo de degeneração da articulação com aumento do atrito entre as superfícies articulares e consequentemente dor devido a inflamação local.

Fraturas na coluna – A coluna vertebral é o local mais comum de fraturas osteoporóticas, portanto algumas informações podem ajudar quem sofreu fratura na coluna. A dor na coluna geralmente é agravado por atividades que exigem esforço da coluna, mas geralmente após 2 a 3 semanas a dor tende a melhorar, pois a inflamação decorrente da fratura e do processo de cicatrização se estabiliza. Em média após 10 a 12 semanas o processo de consolidação óssea é atingido e a dor desaparece. Embora a maioria das fraturas da coluna vertebral se consolide, 15% a 35% podem levar a sequelas adversas, incluindo dor crônica, função torácica deficiente, apetite diminuído, deformidade cifótica, fadiga e déficit neurológico com limitação de alguns movimentos.
Colete para fratura – O princípio geral dos coletes (órteses) é baseado no alinhamento do tronco conforme o equilíbrio anatômico da coluna e de acordo com o princípio de apoio em 3 pontos. Além disso, as órteses ajudam a reduzir os movimentos de flexão e torção, o que facilitará a estabilidade mecânica necessária para a consolidação da fratura sem restringir a mobilidade geral do paciente. Em geral as órteses são usadas por 3 meses ou mais com o objetivo de ajudar a atingir mais rapidamente a estabilidade mecânica e consolidação óssea.
Vertebroplastia e Cifoplastia – São técnicas de tratamento minimamente invasivo utilizadas nas fraturas da coluna vertebral, é realizado por meio do uso de cimento ósseo com preenchimento local do espaço fraturado. Em geral é Indicada se houver persistência da dor, mesmo com tratamento clínico após 3 meses. Na Vertebroplastia introduz-se pequena quantidade de cimento ósseo no interior da vértebra fraturada, através de finas cânulas inseridas pela pele. Na cifoplastia antes de se introduzir o cimento ósseo um balão é utilizado para abrir espaço na vertebra para alinhar a fratura para caber mais cimento ósseo. O cimento ósseo possui efeito de estabilização da fratura, promovendo melhora da dor.

Cirurgia para tratamento da fratura da coluna – A cirurgia é a alternativa final para os casos de falha do tratamento conservador com instabilidade mecânica, compressão de estruturas neurológicas, dor intratável e deformidade da coluna em cifose. São utilizados parafusos pediculares, algumas vezes com cimento ósseo para ajudar na fixação e estabilidade mecânica da coluna.

Reabilitação – Deve ser iniciado com uma orientação de adaptação das atividades de vida diária, técnicas para evitar a flexão e rotação do tronco, além de orientações para não carregar peso. Após 6 semanas do início do tratamento é recomendado um programa de exercícios de alongamento de cadeia posterior, fortalecimento dos extensores toracolombares, core abdominal, com vistas a estabilização do tronco.

Cuidados com quedas – Muitas fraturas podem ser evitadas com simples medidas para reduzir risco de quedas, tais como:

  • Retirar tapetes ou fios soltos em casa;
  • Manter a casa bem iluminada, inclusive à noite no caminho para o banheiro;
  • Tomar cuidado com pisos escorregadios no banheiro;
  • Usar de corrimão bilateral nas escadas.

Essas dicas e informações são muito valiosas, mas não substituem uma avaliação do ortopedista especialista em coluna. Portanto se você tem osteoporose ou fratura osteoporótica procure seu médico de confiança assim que possível.

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