Dor lombar em crianças

Dor lombar em crianças

A dor lombar em crianças em idade escolar não é uma ocorrência comum; No entanto, é frequentemente subestimado. A prevalência de lombalgia aumenta com a idade: 1% aos 7 anos, 6% aos 10 anos e 18% aos 14 a 16 anos.

A maioria dos casos são dores lombares mecânicas, mas devemos estar atentos para a existência de uma patologia subjacente. Por isso, uma investigação diagnóstica completa é importante para afastar causas graves.

A prevalência de dor lombar também está correlacionada à participação em esportes e ao nível de competição. Há uma associação em forma de U entre a atividade física e a incidência de lombalgia em crianças em idade escolar, com níveis baixos e altos de atividade física associada a um risco maior para dor lombar.

Embora exista uma preocupação dos pais sobre uma possível associação de lombalgia e uso de mochilas, as evidências que apontam o uso desses acessórios como fator de risco são fracas.

Uma característica fundamental na avaliação da criança é o crescimento que varia sua velocidade conforme a idade e possui relação direta com o desenvolvimento dos ossos e sexual. Por isso é importante avaliar se ao longo do crescimento, as curvas de estatura, peso e desenvolvimento sexual apresentaram algum atraso.

Espondilólise e espondilolistese são patologias que ocorrerem em 5 % dos casos de dor lombar em crianças, principalmente naquelas que realizam esportes que exigem hiperextensão da coluna como ginástica, vôlei, salto e atividades de contato.

As hérnias de disco são consideradas raras em crianças e adolescentes, 0,4% e 5,9%, com taxas de tratamento cirúrgico de 1,8% em alguns estudos. Na maioria dos casos as crianças apresentam alterações da postura, marcha e teste de extensão da perna positivo para lesão.

A escoliose muitas vezes é apontada de forma equivocada como causa da dor, mas devemos lembrar que ela sozinha não causa o sintoma, devendo ser investigada alguma lesão concomitante na coluna.

Tumores são raros nas crianças, mas quando presentes costumam ser primários, pois metástases são incomuns. As lesões primárias benignas são muito mais prevalentes (66-88%) que as malignas nessa faixa-etária. No entanto apesar de raras as lesões malignas precisam ser identificadas de forma precoce. O sarcoma de Ewing, por exemplo, é o tumor maligno que mais ocorre na infância e pode ser confundido com uma infecção, pois apresenta como sintomas febre, leucocitose e dor local.

A discite, infecção do disco, pode causar dor lombar em crianças menores de 12 anos, muitas vezes não vem acompanhada de febre e nem alterações no hemograma, VHS, PCR e a cultura do disco muitas vezes é negativa. Portanto é indicado uma ressonância magnética com gadolíneo para confirmação. A tuberculose na coluna e a psoíte com abscesso é incomum em crianças, e na maioria das situações não causa dor lombar, devendo ser investigada nos casos de regiões endêmicas ou populações de risco.

As espondiloartropatias são conhecidas causas de dor lombar em adultos, porém em raras situações ocorrem em crianças. A espondilite anquilosante, a artrite reumatoide juvenil e infecção devem ser suspeitadas, e o gene HLA-B27 deve ser medido para avaliação de espondilite anquilosante. No entanto, mesmo nos pacientes com espondilite anquilosante na infância, a dor lombar é um sintoma raro. A artrite reumatoide juvenil, quando afeta a coluna, ocorre mais na região cervical.

A fibromialgia também ocorre entre crianças e adolescentes, identificada através da palpação dos trigger points, muitas vezes relacionada com fatores psicossomáticos, distúrbios do sono, fadiga persistente e cefaleia.

Uma causa com origem fora da coluna é a dismenorreia, que são dores causadas devido o ciclo menstrual, são comuns em meninas e muitas vezes podem causar dor lombar e serem aliviadas por anti-inflamatórios. Deve-se investigar a história menstrual e sua relação com as dores lombares.

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